17 de abr. de 2012
Em
17.4.12
por
Dr. Renan Marino
em
Dengue
Esta foi a triste manchete do jornal "Diário da Região" na última sexta-feira, dia 13 de abril de 2012. O caso ilustra como a preocupação burocrática da Secretaria da Saúde em dar satisfação à população sobre a evolução da dengue no munícípio de Rio Preto - especialmente em ano eleitoral - resultou em uma simples declaração fria e calculada, ignorando totalmente a perda de um ente querido de uma família riopretense: "Em 2010 foram 11 mortes registradas, em 2011 apenas uma, e neste ano de 2012 uma, de uma mulher, devido a complicações da dengue".
É no mínimo um absurdo,para falar pouco! No ano passado foram confirmados 219 casos de dengue no primeiro trimestre do ano, contra 117 até a primeira semana de abril. Porém, é importante lembrar que a sub-notificação é a regra na dengue, sendo que para cada caso notificado, pelo menos 10 (isto mesmo!), deixaram de ser registrados. E isto por várias razões, como falha de diagnóstico, casos sub-clínicos ou inaparentes ou até mesmo falta de motivação da população, que já acostumada com as epidemias de dengue, não tem digamos, "paciência" para enfrentar toda a via sacra por um atendimento na rede pública...
Então ocorre que, inadvertidamente ou não, a famosa e não desconhecida entre nós "maquiagem estatística" entra em ação, forma perversa de dissimulação epidemiológica que expõem todos cidadãos desta cidade a seríssimos riscos. Como por exemplo o que ocorreu com esta senhora de 60 anos, que foi atendida e liberada por diversas vezes na UPA da Vila Toninho, e pasmem... em plena Capital Mundial da Dengue, não houve uma só alma vivente que pensasse em "dengue hemorrágica", e isto, claro que antes do trágico desfecho.... até que finalmente ela fosse a óbito na madrugada do dia 04 de abril, quarta-feira, após ficar em observação na sala improvisada de UTI no pronto-atendimento do HB e depois ter sido submetida a uma laparotomia exploradora para descobrir a causa da hemorragia!
Não é segredo para ninguém que estamos sob ataque do vírus tipo 4 da dengue, do qual não temos ainda um padrão de seus sintomas predominantes e de sua evolução clínica mais característica, devido a não-circulação deste tipo viral no Brasil por quase 3 décadas. Assim, não é preciso ser nenhum gênio para saber que todos os cuidados são necessários neste momento, e que o alerta máximo se impõe para que fatos como este não voltem a ocorrer.
E definitivamente para jamais ficarmos vangloriando nesta altura do campeonato que "a dengue está sob controle"...
Em tempo: o Ministério da Saúde utiliza como critério para definir a situação de epidemia de dengue, o patamar de 300 casos para cada 100.000 habitantes. Se levarmos em conta os cálculos ideais para uma cidade do porte de Rio Preto, estimando-se um grande número de casos sub-notificados e mesmo não diagnosticados, é provável que já estejamos bem próximos deste índice.
Renan Marino - Prof. Famerp - Mestre em Ciências da Saúde.
É no mínimo um absurdo,para falar pouco! No ano passado foram confirmados 219 casos de dengue no primeiro trimestre do ano, contra 117 até a primeira semana de abril. Porém, é importante lembrar que a sub-notificação é a regra na dengue, sendo que para cada caso notificado, pelo menos 10 (isto mesmo!), deixaram de ser registrados. E isto por várias razões, como falha de diagnóstico, casos sub-clínicos ou inaparentes ou até mesmo falta de motivação da população, que já acostumada com as epidemias de dengue, não tem digamos, "paciência" para enfrentar toda a via sacra por um atendimento na rede pública...
Então ocorre que, inadvertidamente ou não, a famosa e não desconhecida entre nós "maquiagem estatística" entra em ação, forma perversa de dissimulação epidemiológica que expõem todos cidadãos desta cidade a seríssimos riscos. Como por exemplo o que ocorreu com esta senhora de 60 anos, que foi atendida e liberada por diversas vezes na UPA da Vila Toninho, e pasmem... em plena Capital Mundial da Dengue, não houve uma só alma vivente que pensasse em "dengue hemorrágica", e isto, claro que antes do trágico desfecho.... até que finalmente ela fosse a óbito na madrugada do dia 04 de abril, quarta-feira, após ficar em observação na sala improvisada de UTI no pronto-atendimento do HB e depois ter sido submetida a uma laparotomia exploradora para descobrir a causa da hemorragia!
Não é segredo para ninguém que estamos sob ataque do vírus tipo 4 da dengue, do qual não temos ainda um padrão de seus sintomas predominantes e de sua evolução clínica mais característica, devido a não-circulação deste tipo viral no Brasil por quase 3 décadas. Assim, não é preciso ser nenhum gênio para saber que todos os cuidados são necessários neste momento, e que o alerta máximo se impõe para que fatos como este não voltem a ocorrer.
E definitivamente para jamais ficarmos vangloriando nesta altura do campeonato que "a dengue está sob controle"...
Em tempo: o Ministério da Saúde utiliza como critério para definir a situação de epidemia de dengue, o patamar de 300 casos para cada 100.000 habitantes. Se levarmos em conta os cálculos ideais para uma cidade do porte de Rio Preto, estimando-se um grande número de casos sub-notificados e mesmo não diagnosticados, é provável que já estejamos bem próximos deste índice.
Renan Marino - Prof. Famerp - Mestre em Ciências da Saúde.