"... não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural. Nada deve parecer impossível de mudar."
Bertold Brecht

8 de jan. de 2012

Em 8.1.12 por Dr. Renan Marino em
O Notícias UOL -Ciência e Saúde- de 03 de janeiro de 2012, trancreve matéria do New York Times sobre a associação entre o uso do paracetamol e a ocorrência de asma brônquica em crianças. Vários pesquisadores observaram que uma verdadeira epidemia de asma teve início a partir da década de 80, quando a utilização do ácido acetil salicílico, a famosa aspirina, foi praticamente banida em pediatria por estar relacionada ao surgimento de casos fatais de Síndrome de Reye, sendo desde então substituida pelo paracetamol ou acetaminofen, popularmente mais conhecido pela marca Tylenol.

Em brilhante artigo publicado na revista Pediatrics de novembro de 2011, o Dr. John T. McBride,pediatra do Hospital Infantil Akron, Ohio, demonstra com provas irrefutáveis, a associação entre o uso do paracetamol e asma brônquica em crianças e bebês. Seu trabalho mostra que mesmo uma única dose de paracetamol é suficiente para reduzir em muito os níveis de glutationa, que tem a função de impedir ou reparar em parte os graves danos oxidativos inflamatórios provocados pelo paracetamol nas vias aéreas inferiores. Os estudos mostram que o aumento do risco de contrair asma brônquica não se limita a bebês, crianças e adultos que foram tratados com este medicamento, mas se estende até mesmo a crianças cujas mães fizeram uso do paracetamol durante a gestação!

Para o Dr. McBride já existem razões suficientemente fortes para que no mínimo se deixe de indicar o paracetamol em bebês ou crianças com asma. Na verdade, desde 1992, em artigo publicado no The Annals of Allergy and Asthma Immunology pelo Dr. Arthur Varner, da Faculdade de Medicina de Wisconsin, já eram evidentes os indícios da associação do paracetamol como desencadeante e responsável por causar asma brônquica na infância, hipótese posteriormente confirmada em estudos relacionados a mais de 200.000 crianças que usaram esta droga.

Incompreensivelmente mesmo, ainda assim alguns setores isolados resistem e insistem em não se renderem, sabe-se lá por quais motivos, na proscrição do paracetamol nas condições aqui relatadas. São eles o Dr.Stanley Szefler, farmacologista do National Jewish Health, em Denver, e o Dr.Richard Beasley do Instituto de Pesquisa Médica da Nova Zelândia, que afirmam que precisam de mais evidências...

Como há muito já compreendí que há mais coisas entre o céu e a terra do que possa supor nossa imaginação, prefiro ficar com a sabedoria do Dr. McBride, quando diz que sua consciência não o perdoaria jamais, caso se omitisse em alertar quanto a fatos por ele já sabidos e conhecidos há mais de 5 anos, até mesmo porque ele não tem a mínima dúvida quanto à capacidade do paracetamol causar asma em bebês e crianças.

Renan Marino - Prof. Famerp - Mestre em Ciências da Saúde.

Matéria do site UOL Notícias - Ciência e Saúde.