"... não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural. Nada deve parecer impossível de mudar."
Bertold Brecht

6 de set. de 2014

Em 6.9.14 por Dr. Renan Marino
Acredite, a falta de educação muitas vezes termina em violência, roubos, assaltos, assassinatos, depressão, políticos com deficiência moral e altos níveis de corrupção, resultando em governos autoritários e em uma sociedade injusta e desigual.

Para resolver os problemas da Educação no Brasil é preciso mais que simplesmente aumentar o financiamento público, é preciso coragem para mudar o conteúdo programático que é voltado apenas para instrução formal, repetitiva, decorada, centrada no professor, abarrotando nossas crianças com uma enorme carga de conhecimentos meramente técnicos, inúteis para formação do intelecto e sem condições de desenvolver a crítica ou questionamentos.

Os alunos são encaixados em um modelo idealizado e não real, ou seja, não são levadas em conta as diferenças individuais no processo de ensino e aprendizagem, que na maioria das vezes está fora de sua realidade, no máximo com o objetivo de prepará-los para competir e ter um lugar no mercado de trabalho.

O processo educativo, que deve respeitar a complexidade da vida humana, só faz sentido se superar a fragmentação e reducionismo a que as sociedades ocidentais contemporâneas foram levadas. O paradigma da totalidade precisa se impor para dar vida ao corpo social, que deve ser o agente educador, começando pela própria família, pela responsabilidade das empresas em geral (que empregam pais e mães), pelo Estado provedor e pela Escola em si, que deve integrar incessantemente os alunos, onde nem a matéria e nem o professor são os centros e sim o aluno proativo e motivado. Neste modelo, cabe ao professor incentivar, organizar as atividades, orientar e adequar às capacidades individuais do grupo, ou seja, o professor não ensina, auxilia o aluno a aprender.

Desde o ensino fundamental e passando pelas escolas de 1º e 2º graus, o fio condutor de todo aprendizado transformador deve ser o pensamento ecológico e sistêmico, ensinando que a vida surgiu no planeta pela cooperação, parcerias e pela formação de redes, e não pela competição desagregadora e egocentrada.

Os novos tempos pedem uma retomada de curso, com a mudança para um conceito de Educação focada na integralidade corpo-mente-espírito, em sintonia com os desafios do século XXI, buscando a formação de indivíduos auto-conscientes, com compromisso moral, espírito de coletividade e verdadeiros cidadãos!

No modelo atual, ora vigente, uns poucos privilegiados sairão vencedores e uma multidão de infelizes carregarão suas frustrações pela vida afora, empobrecendo o futuro da nação...

É um modelo falido e perverso, que já deu tudo que tinha que dar. O próprio IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - que foi criado em 2007 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) para avaliar a qualidade da educação brasileira, retrata o cotidiano deste desastre ano após ano.

O processo educativo só acontece se existir amor e bom senso.

RENAN MARINO é professor da FAMERP-Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto/SP

Assista os vídeos de Rubem Alves no programa Provocações sobre Educação.

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