"... não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural. Nada deve parecer impossível de mudar."
Bertold Brecht

6 de set. de 2011

Em 6.9.11 por Dr. Renan Marino em ,

Embora o uso de paracetamol reduza significativamente as reações febris após vacinação, a administração profilática de antitérmicos não deve ser rotineiramente recomendada, pois a resposta de formação de anticorpos a vários antígenos vacinais é reduzida com o uso de antitérmicos profiláticos.

Dois estudos consecutivos, randomizados e controlados (com a primeira dose da vacina e após a dose de reforço), nos quais participaram 459 crianças saudáveis, foram realizados para estudar o efeito profilático do paracetamol para evitar reações febris em crianças vacinadas e verificar a formação de anticorpos frente a diferentes antígenos vacinais.

Neles, 226 crianças receberam 3 doses profiláticas de paracetamol nas primeiras 24 horas após a vacinação e 233 não receberam paracetamol. As vacinas testadas foram vacina hexavalente acelular contra pólio, difteria, tétano, coqueluche (pertussis), hepatite B e haemophilus, vacina contra pneumococo e vacina oral contra rotavírus.

Febre acima de 39,5°C foi rara em ambos os grupos. A porcentagem de crianças com temperatura igual ou superior a 38°C foi significativamente menor no grupo que recebeu paracetamol profilático do que no grupo que não recebeu o antitérmico. A concentração média de anticorpos foi significativamente mais baixa no grupo que recebeu paracetamol. Depois da dose de reforço, a concentração média de anticorpos persistiu mais baixa no grupo que recebeu o paracetamol.

Os resultados mostram que embora o uso de paracetamol reduza as reações febris, a administração profilática de antitérmicos não deve ser rotineiramente recomendada, pois a resposta de formação de anticorpos a vários antígenos vacinais é reduzida com o uso de antitérmicos profiláticos.

Fonte: The Lancet - Volume 374